Como funciona a XRPL
A XRP Ledger (XRPL) é uma rede de pagamentos pública, sem permissão e com liquidação em ~3–5 segundos. Ela foi desenhada para ser um livro-razão global de pagamentos, com recursos nativos de câmbio, emissão de ativos, AMM e NFTs.
Esta página é um mapa mental: não substitui a documentação oficial, mas ajuda a entender as peças principais antes de mergulhar no código.
Contas e chaves
Cada conta na XRPL tem um endereço (começa com r...) e é controlada por uma ou mais chaves criptográficas. A conta precisa manter uma reserva mínima em XRP para existir, o que ajuda a evitar spam.
- Chave mestre: pode assinar qualquer transação; pode ser desativada em favor de outra chave.
- Regular key: chave alternativa para uso diário, reduzindo o uso da chave mestre.
- Multassinatura: permite exigir assinaturas múltiplas para uma transação ser válida (ex.: 2 de 3).
Transações
Transações são objetos estruturados enviados para a rede. Alguns campos importantes:
- Sequence: contador da conta; cada transação consome um número sequencial.
- Fee: taxa em XRP, geralmente muito baixa, que é queimada.
- LastLedgerSequence: último ledger em que a transação pode ser incluída antes de expirar.
Uma transação é considerada confirmada quando o ledger em que ela aparece é validado pelo consenso.
DEX nativa e AMM
A XRPL possui uma DEX on-ledger desde 2012, baseada em order books para cada par de ativos. Ordens são objetos no próprio ledger, e a correspondência ocorre no fechamento de cada ledger.
Além disso, há um AMM nativo integrado ao protocolo. Em vez de contratos inteligentes complexos, o AMM segue regras padronizadas no código da XRPL, permitindo:
- criar pools de liquidez com pares de ativos;
- emitir LP tokens para quem provê liquidez;
- distribuir taxas proporcionalmente aos LPs;
- integrar swaps com a DEX tradicional.
Ativos emitidos e trustlines
Além do XRP (ativo nativo), a XRPL permite que emissores criem ativos representando moedas tradicionais, stablecoins, créditos ou RWAs. Esses ativos são chamados de Issued Currencies ou IOUs.
- Emissor: conta que cria o ativo (ex.: USD, EUR, RLUSD).
- Trustline: relação de confiança entre o recebedor e o emissor, com limite e configurações de rippling.
- Rippling: recurso que permite que saldos de IOUs fluam entre contas ligadas; pode ser desativado para evitar comportamentos indesejados.
Na prática, você só recebe um IOU se tiver uma trustline para o emissor, o que reforça a ideia de que confiança é local e configurável.
Pathfinding e pagamentos
O mecanismo de pathfinding permite que a rede descubra caminhos de liquidez entre dois pontos, combinando:
- pools de AMM;
- ordens da DEX;
- IOUs de diferentes emissores;
- o próprio XRP como moeda-ponte.
Assim, um pagamento pode começar em BRL de um emissor e terminar em USD de outro emissor, usando automaticamente o melhor caminho disponível no ledger.
Consenso e validadores
A XRPL usa um mecanismo de consenso próprio, baseado em validadores independentes. Cada operador de servidor escolhe sua Unique Node List (UNL), que é a lista de validadores em quem confia para participar do consenso.
- Validadores propõem conjuntos de transações para o próximo ledger.
- Quando 80% ou mais da UNL concorda em uma proposta, o ledger é considerado validado.
- Mudanças de protocolo passam pelo mecanismo de amendments, onde validadores votam ao longo do tempo.
Essa arquitetura busca equilibrar descentralização, desempenho e segurança, permitindo finalização rápida sem mineração.
Por onde continuar estudando
- Artigo prático: Introdução prática à XRPL.
- DeFi na XRPL: AMM e DEX nativa: como funcionam.
- Tokens e stablecoins: Stablecoins na XRPL.
- História da rede: História do XRP/XRPL.
Este texto simplifica diversos detalhes técnicos. Para especificações completas e exemplos de código, consulte a documentação oficial em xrpl.org.